Após vazamento, Montenegro pede desculpa ao elenco do Botafogo

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Montenegro Botafogo Valentim
Carlos Augusto Montenegro. Eleicao Presidencial em General Severiano. 25 de novembro de 2014, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodre/SSPress.
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Carlos Augusto Montenegro é um dos cardeais do Botafogo. Foto: Satiro Sodre/SSPress.

No dia seguinte aos áudios com críticas ao elenco e Valentim que vazaram em grupo de torcedores do Botafogo, o ex-presidente do clube Carlos Augusto Montenegro falou com exclusividade ao site ‘FogãoNet’ sobre o episódio que repercutiu mal internamente.

Na entrevista, Montenegro se desculpa com Bruno Lazaroni, revela conversa com o capitão do Botafogo Joel Carli e prega respeito ao elenco.

Confira a íntegra da entrevista:

Montenegro, como você explica o vazamento dos áudios?

– Os áudios foram enviados em vários momentos. Teve áudio imediatamente após jogo do Fluminense, teve áudio no dia seguinte ao clássico contra o Fluminense, teve áudio depois do encontro que tive com os jogadores e um que eu explicava a umas pessoas o porquê de alguns jogadores não serem substituídos nunca ou o motivo de outros atletas não terem chances de entrar. Comecei a fazer perguntas ao Bruno Lazaroni, que é um gigante e excelente profissional, para poder responder a vários botafoguenses questões do tipo: “Por que o Cícero não sai do time nunca?”, “O que acontece com o Leo Valencia?”. Eu precisava saber tudo. O Bruno Lazaroni, de uma maneira muito elegante e correta, sempre defendeu os jogadores e o trabalho feito pelo Barroca. Ficou tentando me explicar algumas coisas. Eu, como torcedor, apertava, mas ele sempre foi muito correto.

Você se preocupou com a reação do Lazaroni depois dos áudios, certo?

– Eu queria pedir desculpas ao Lazaroni. Desses vazamentos, a coisa que eu fiquei triste, realmente, foi a possibilidade de alguém colocar alguma coisa em relação ao Bruno que não aconteceu nunca. Ele defendeu muito os jogadores, destacando os pontos fortes de todos eles, até mesmo do Pimpão. Quem falou mal fui eu. Eu vi nele profissionalismo o tempo todo. E vou te dizer uma coisa, pode sair muita gente ano que vem, mas ele é um dos que eu gostaria que ficasse.

O que você pensa a respeito dos jogadores que fazem parte do elenco atual do Botafogo?

– Eu tenho um grande respeito por esse elenco. Agora, respeito não significa que eu tenha que gostar de todos, aceitar todo mundo e que eles tenham que ficar no Botafogo a vida toda. Eu tenho respeito por eles, antes de tudo, por serem humanos, homens. É um pessoal que está sofrido. Às vezes falta carinho, falta gente, assistência, dinheiro… Os salários estão atrasados e eles sempre honrando o manto do Botafogo, que é sagrado. Então eu sempre tive o maior respeito, se eu não tivesse respeito, eu não me mobilizaria para ajudar a pagar o salário deles. Não faria esforço para ir lá conversar com os jogadores.

Você planeja encontrar os jogadores novamente ou já conversou com algum deles depois do vazamento dos áudios? Pretende fazer alguma coisa?

— Nada. Eu falei apenas com o Carli, que é um dos líderes do elenco, sobre o que aconteceu. Expliquei qual foi a sequência dos fatos e pedi a ele para comunicar tudo isso aos jogadores. Eu assumo muitas coisas.

Esses seus encontros com os jogadores do Botafogo acontecem com frequência?

– Os encontros não são comuns. A gente tem realmente ajudado o Botafogo, às vezes até financeiramente, com pagamento de salários, gratificações ou viagens. O Botafogo tem quatro ou cinco jogadores que lideram isso e eu tenho um bom relacionamento com eles. O esforço que alguns botafoguenses fazem são reconhecidos. Claudio Good é um deles, incansável. Ele está sempre apagando incêndio e ajudando, eu também já tive oportunidade de fazer isso. Os encontros não são frequentes. Eu tive uma vez com o Carli e alguns jogadores em 2018. No mês passado, eu estive lá no Estádio Nilton Santos para conversar com os atletas, contei minhas experiências como presidente em 1995 e, realmente, tive a oportunidade de falar com eles no último jogo, agora contra o Goiás, antes do almoço, quando fui muito franco. Eu disse que a partida era uma coisa importantíssima, como foi.

E os salários atrasados? Há alguma perspectiva de melhora neste fim de 2019?

– A gente está sobrevivendo, só Deus sabe como. Estamos correndo atrás. Tem um grupo que está se dedicando mais ao modelo do Botafogo-2020 e outras pessoas estão tentando segurar o barco até o fim do ano.

O time do Botafogo deve mudar muito no ano que vem?

– Esse negócio de que o elenco vai mudar ou não, eu vou te dizer uma coisa: o Botafogo sempre respeitou contratos. Muitos têm o contrato acabando e eu acho que dentro do que estão querendo fazer, esses jogadores não vão estar com a gente no ano que vem. Mas os atletas que tiverem contrato em 2020, vão continuar, isso é normal. E vamos tentar renovar (o elenco). Foi um grande ano do Botafogo? Não foi. O Botafogo teve limitações de dinheiro, mas não foi um grande ano. Um Campeonato Carioca péssimo, uma eliminação horrorosa na Copa do Brasil contra o Juventude, saímos da Copa Sul-Americana e estamos fazendo um Campeonato Brasileiro regular. É motivo de orgulho? Não acho. Eu, como botafoguense, gostaria de mais. Temos que procurar sempre mais e é isso que vamos fazer ano que vem.

Essas mudanças também devem atingir a diretoria do Botafogo?

– As mudanças vão atingir todo mundo. O futebol vai ser comandando pelo dono de uma empresa. Eles podem usar umas pessoas de hoje ou não.

As suas opiniões interferem nas decisões do departamento de futebol do Botafogo?

– A minha opinião não interfere nas decisões do departamento de futebol e muito menos no futuro. O ano de 2020 está longe ainda, estamos fazendo um projeto novo. Eu pretendo não ter mais que conversar com os jogadores em 2020. Quero que tudo seja mais profissional, com os salários pagos em dia por uma empresa em um novo modelo de futebol. Então, se tudo der certo, o Montenegro estará na arquibancada. Quando Montenegro está perto é sinal de crise, é sinal que o Botafogo está precisando de alguém, precisando de dinheiro. O bom é quando o Montenegro está longe, aí o time está bem.

Em um dos áudios vazados, você fala até em Libertadores. O Botafogo precisa primeiro se salvar na Série A. Para você, não há ameaça de rebaixamento?

– Temos que pensar lá na frente. O Brasileirão está muito embolado em cima e lá atrás. Se o Botafogo tiver uma boa sequência com o Valentim, ele tem chance de chegar até o sexto lugar e pegar uma pré-Libertadores. Não existe a possibilidade, na minha opinião, de cair. O Botafogo não merece queda. Tem elenco e um esforço muito grande de pessoas para se manter na Série A. As pessoas confundem e perguntam: “Ué, se vai continuar na Série A, por que você fala que não quer esse elenco?”. Gente, deixem eu pensar grande, deixem eu pensar 2020 de uma outra forma, sabe?

Não sou obrigado a pensar sempre nessa agonia ou nesse ano que tivemos, que foi muito mais para ruim do que regular. Qual é o problema de pensar para frente? Ter confiança de que a gente pode chegar à Libertadores não significa que temos um elenco espetacular. Eu confio, torço e vou continuar ajudando e brigando. Mas acho que podemos melhorar muito ano que vem. Até porque bons jogadores saíram esse ano e a gente não repôs.

Está tudo certo para o retorno do Valentim ao Botafogo? Você acredita no trabalho dele?

– O Alberto Valentim vai ser o técnico do Botafogo. Ele saiu daqui campeão, foi quem ganhou o último título do Botafogo. É uma pessoa que tem seu valor. Na época, tentou ir para o Egito e infelizmente não deu certo e voltou. Tanto tem valor que a gente foi atrás dele.

Para concluir, o vazamento desses áudios afeta, de alguma forma, a sua relação com o clube?

– Não vai afetar em nada. Sempre que o Botafogo precisar, eu vou ajudar. Os jogadores me conhecem. Conhecem pouco, mas conhecem. Eu sou aquele torcedor que ajuda, chora, vibra, briga, critica, mas compareço. Ajudo de todas as formas, seja com carinho, dinheiro, o que for. Acho que quem ajuda, pode cobrar um pouco, mas não cobrar de forma bárbara ou violenta. Não gosto dessas invasões de torcida, não é soltando foguetes ou ameaçando alguém que a bola vai entrar. Eu gosto de conversar, gosto de cobrar, gosto de torcer, gosto de gritar, gosto de criticar, mas sempre respeito o ser humano.

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Botafoguense, 36 anos. Formado em Jornalismo pela FACHA (RJ), trabalhou como assessor de imprensa do Botafogo F.R em 2010. Hoje, é setorista independente.

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