Próximo de implementar o modelo empresarial, o Botafogo encara a nova gestão como a possibilidade de injeção de receita para, enfim, sanar a dívida que asfixia o Clube. Para tanto, há um grupo de trabalho encarregado de atrair investidores para o projeto, batizado de Botafogo S/A.
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Embora seja entusiasta do formato clube-empresa, o vice-presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, rechaça a entrega do Alvinegro a um mecenas. Em entrevista ao “Canal do Praetzel”, o dirigente defendeu que o perfil dos investidores seja analisado com cuidado.
— O Botafogo não precisa de mecenas. O Clube passou dessa fase. O que acontece é que hoje o Clube tem um lado vulnerável, que é o lado das contas cíveis. Pedimos que sejam investidores que entendam do mercado esportivo. É difícil fazer um grupo de investidores acostumados a prédio de escritório, que praticamente não tem risco, do risco do futebol. Em um jogador, do Sub-20, por exemplo, você pode dar uma tacada de 20 milhões de euros – disse para, em seguida, explicar o projeto:
— A questão da S/A é uma operação que você atrai capital de fora. Por um determinado tempo, você vai ceder um departamento do futebol a um grupo de investidores. Estes, subordinados ao Estatuto do Botafogo, pagarão as dívidas do Clube, como royalties. É uma fórmula de ter uma equipe forte. Ao final de X anos, o departamento de futebol voltará ao comando do Botafogo.
Cenário de insolvência
CEP também detalhou parte da crise financeira pela qual o Clube passa.
— Existe uma onda de ações cíveis que nós não temos como ordenar. As penhoras são concedidas por vários juízes ao mesmo tempo e simultaneamente. Então, um juiz lhe concede 20% da penhora da sua receita, outro mais 30%, outro mais 20%. Praticamente foi toda sua receita. Sua receita fica toda retida, você não consegue pagar jogadores, funcionários. Além disso, demora muito tempo para desbloquear. Depende de sindicato para liberação. Aí vão quase três meses. Se nós tivéssemos algo parecido como Ato Trabalhista na área cível, seria ótimo. O problema é que o Botafogo não tem receita para pagar esse passado que vem de forma violenta. As contas vêm de forma violenta, pesada. Você fica sem ter como se defender. Ou você paga o seu presente ou conseue dinheiro novo. Como consegue? Vendendo jogador ou tendo premiação. Ou conseguindo renegociar contratos. Os patrocinadores, hoje, estão difíceis.
Leia mais trechos da entrevista:
Sem S/A o Botafogo corre o risco de falência?
— Falência é ligada à empresa. O Botafogo é uma entidade sem fins lucrativos. Não corre esse risco. Vamos ter que buscar algum outro tipo de solução, que não é fácil. Mas também um Clube como o Botafogo não desaparece assim. Não gosto dessa ideia de S/A como única bala. Eu acredito no Botafogo. Enquanto eu tiver forças, condições, vou fazer tudo e tenho certeza que todos os botafoguenses não corram esse risco.
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Irmãos Moreira Salles
— Eles doaram ao Botafogo trabalho, que originou o conceito da Botafogo S/A. Assim, se posicionaram que ali era a contribuição deles, além do CT. Acho que, até agora, não houve nenhuma outra manifestação da parte deles. Pelo contrário. Disseram que ali ficava a parte deles. São pessoas reservadas. Precisamos respeitar esse espaço. Houve uma pressão que assustou eles um pouco.
Luis Henrique
— Eu espero que não venda ninguém. A gente precisa reforçar a equipe. Esses garotos têm um futuro muito grande. Foi bom ter renovado com Marcelo Benevenuto.
Marcinho no Flamengo?
— Espero que não. Ele é um garoto muito bom, com potencial. Foi campeão em 2016, na nossa gestão. Confio muito que ele vá continuar no Botafogo. É só uma questão de diálogo e tentar chegar a um bom acerto.
Honda
— Episódio bacana, que motivou a torcida. Vamos torcer para que ele possa ser a estrela que vá nos guiar a melhores momentos. Em 2017, tentei com Montillo, mas infelizmente não tivemos muita sorte.
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Eleições de novembro
— Eu acho que qualquer candidato que queira se apresentar, deve ter uma solução para a situação do Botafogo. Se ele tem a solução, não deve esperar até 2021. Deve fazê-lo hoje. Pode me procurar, vou apresentar ao Mufarrej. Entrar num processo só para aparecer? É outra história.
Ter o presidente da Câmara como torcedor do Botafogo ajuda?
— É ótimo. Rodrigo (Maia) é um botafoguense apaixonado. É uma pessoa que, desde quando foi diretor de remo do Botafogo, é participante, ativo. Sempre que pode nos recebe em Brasília.
Nilton Santos faz bem ao Botafogo?
— O maior presente que o antigo Engenhão me deu foi poder trocar o nome dele para Estádio Nilton Santos. Ele foi um cara apaixonado pelo Botafogo, só usou nossa camisa e da Seleção. Ele me dizia: ‘Carlinho, eu me sinto mais à vontade com a camisa do Botafogo’. Em 2016, resgatamos as cores do estádio. A torcida tem orgulho de estar no estádio. O Honda ficou impressionado. É um estádio olímpico, que está pesando para apresentação da Botafogo S/A. Claro que tem custos elevados, que nos obriga a buscar soluções para minimizá-los.
Tricampeonato Mundial
— Eu acho que tudo é válido. Por que não? Naquela época, esses torneios eram chamados de Copa do Mundo. Além disso, as equipes que disputavam eram de primeira linha, inclusive seleções nacionais. Não vejo por que não pleitear. É um direito do Botafogo. É um reconhecimento mais político do que qualquer coisa. Temos que tentar.
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Robben
— O Ricardo Rotenberg é um botafoguense apaixonado. Eu o conheço há 40 anos. Acredito que ele foi atrás do sonho. Ele acredita no sonho. Muitas vezes ele transforma os sonhos em realidade. Ele sonda, vê as oportunidas. Por que não?
Bebeto de Freitas fez bem ao Botafogo?
— Não me cabe analisar. Falta o distanciamento histórico.
Melhor Botafogo de todos os tempos
— Manga, Carlos Alberto Torres, Nilton Santos, Passos, Marinho Chagas; Didi, Gérson; Garrincha, Quarentinha, Jairzinho e Roberto Miranda.
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