Que sofrimento hein, torcedor do Botafogo? Dessa vez, na oitava vitória nas últimas dez partidas. Conquistada em um jogo fraco, feio, mas com mais um resultado importantíssimo. Essencial contra um adversário que provavelmente terminará o campeonato no meio da tabela. Agora, de fato, estamos finalmente consolidados no G-4 (por ora), com 100% de aproveitamento no returno e restando nove vitórias para decretarmos a nossa volta à elite.
Análise tática do jogo
Mesmo antes do início da partida, já era de se esperar que o Glorioso encontrasse dificuldades no Baenão devido ao retrospecto regular da equipe paraense em casa – tendo vencido Cruzeiro e Vasco – que mesmo com seis desfalques, é um daqueles famosos times “chatos” de se enfrentar na Série B. E dessa forma aconteceu, no qual os primeiros 45 minutos tiveram um início bem movimentado, com as duas equipes muito bem postadas em campo e com pouquíssimos espaços a serem explorados.
Ambos os times se posicionaram com linhas bem compactadas. O Botafogo jogou no tradicional 4-4-2 em linha. Já o Remo, por sua vez, em um 4-3-3 com Felipe Gedoz – principal referência técnica da equipe – atuando de “falso 9”. A primeira etapa também mostrou um jogo muito disputado no meio de campo, com os dois times errando muitos passes e, por isso, tendo bastante dificuldade para criar.
Como vem sendo de costume desde a chegada de Enderson Moreira, a equipe alvinegra adotou uma marcação em bloco alto. Que foi pouco efetiva e quase não resultou em recuperações rápidas de bola. Por isso, o “Leão Azul” explorou a velocidade e amplitude pelos lados, sobretudo o esquerdo de ataque com Victor Andrade – muito acionado com lançamentos durante toda a partida. Tanto que a primeira chance perigosa do adversário foi com ele por lá. O camisa onze driblou Daniel Borges e finalizou rasteiro, raspando a trave de Diego Loureiro logo aos cinco minutos.
O Botafogo, mesmo tendo mais a bola em alguns momentos da primeira etapa, abusou dos cruzamentos na área visando o Rafael Moura. Não por acaso, a equipe quase não conseguiu criar oportunidades de gol. Apenas com chute para fora do próprio “He-Man” aos 10 minutos depois do cruzamento de Jonathan. Em cabeçada perigosíssima de Carli também para fora aos 29 após cobrança de escanteio de Chay. E em bela jogada individual de Chay, que driblou dois e serviu para Marco Antônio finalizar perigosamente de fora da área, quase fazendo um golaço aos 38. Aliás, o próprio Chay fez um primeiro tempo interessante, dando mobilidade a equipe e buscando mais o jogo (como sempre). Especialmente nos minutos finais.
Já a segunda etapa apresentou um “mais do mesmo” já visto nos 45 minutos iniciais. No qual as duas equipes continuaram forçando e errando um alto número de passes – foram 82% x 72% de precisão durante toda a partida.
A grande diferença – além do gol de Warley aos 19 minutos – foi a equipe do Remo tendo mais a bola (62% x 38% no geral) e finalizando muito mais a gol do que a equipe do Botafogo (20 x 8). Mesmo assim, foram apenas dois chutes a gol do adversário contra um do Glorioso, que após mais um cruzamento na área, aproveitou com chute de Warley em dois tempos para decretar, de fato, o único tento da partida.
Após o gol a equipe paraense se lançou para o ataque e continuou procurando os seus pontas para criarem chances de perigo, impondo velocidade e intensidade. E foi forçando cruzamentos por lá que em seguida dá furada de Carli, Lucas Siqueira achou o travessão de cabeça e Daniel Borges salvou no rebote aos 23 minutos. O adversário também tentou muito chutes de fora da área durante os dois tempos. O mais perigoso deles com Rafinha, que arriscou bom chute após passe de Gedoz aos 32 minutos e por pouco não igualou o placar. Já aos 44 minutos foi a vez do atacante Jefferson pegar a sobra de um bate-rebate na área e finalizar no travessão.
A partida ficou muito truncada e disputada, com o Botafogo errando uma enorme quantidade de passes. Principalmente com Oyama, que entrou muito mal – com extrema dificuldade para sair com qualidade nos contra-ataques e matar o jogo. Parece que a equipe de Enderson desistiu de jogar após ter feito o gol e ainda mais depois das alterações. A partir dali, apenas recuou e se defendeu. Abdicou de ficar com a bola. Dessa forma, ao dar a bola para o Remo, o Botafogo teve que aprender a sofrer, levando duas bolas no travessão e não amargando o gol de empate por “milagres” de Diego Loureiro e de sua zaga no último lance.
Apesar de uma atuação abaixo tecnicamente – principalmente na fase ofensiva – a equipe alvinegra teve uma atuação muito segura defensivamente. Kanu, Carli e Barreto foram fundamentais nos combates, nos desarmes e pelo Botafogo não ter sofrido gol em Belém. Diego Loureiro apesar de demonstrar a sua insegurança costumeira, salvou no final e foi decisivo mais uma vez com defesas importantíssimas. Já as entradas de Oyama, Ênio, Romildo e dos recém-chegados Carlinhos e Luiz Henrique pioraram e acomodaram a equipe.
E assim seguimos. Sofrendo, mas valendo. Agora temos dois jogos consecutivos em casa. Um deles contra um candidato a rebaixamento (Londrina) e o outro contra um concorrente direto na briga pela vaga (Náutico). Precisamos manter o excelente retrospecto como mandante e garantirmos os seis pontos. Assim ficaremos cada vez mais perto do acesso.
SAN,
Gustavo Santos, 18: estudante e torcedor do Botafogo do Rio de Janeiro/RJ.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Fogo na Rede.
Comentários