O torcedor não aguenta mais. Mais uma vez vimos o mesmo filme. O Botafogo abriu o placar, teve o controle do jogo, desperdiçou oportunidades, e levou a virada depois de sofrer um baque na partida. O grande problema desse time parece não ser nem tático ou técnico, mas sim psicológico.
A equipe, apesar de ser limitada tecnicamente, é uma das mais fortes da Série B. Além disso, com toda certeza, é muito superior ao Brusque. Já na parte tática, está minimamente organizada nas quatro de cinco fases do jogo — apenas a bola parada é um grande problema. Mas, mesmo assim, vimos um cenário igual ou muito parecido ao dos jogos contra Londrina, Náutico, CRB e Cruzeiro..
Fazendo uma breve análise de alguns pontos táticos dos noventa minutos, foi possível observar que o Botafogo mudou a postura dos últimos jogos na fase de transição defensiva, aderindo uma marcação lenta em bloco médio para apenas atrasar a saída de bola do Brusque.
O Alvinegro até chegou a adiantar o seu bloco, fazendo uma marcação alta, mas somente no tiro de meta adversário. A ideia era claramente deixar os zagueiros do Brusque – que não tem muita qualidade na saída de bola – para produzirem a fase construtiva, e fechar os espaços no meio de campo, sendo bastante combativo (4×9 desarmes no primeiro tempo). Com isso, a equipe catarinense quase não criou nos 45 minutos iniciais.
Já o método adotado na fase de transição ofensiva foi esperar o adversário errar para sair em velocidade nos contra-ataques. Assim, o time sofreu muitas faltas estratégicas (4×1 cartões amarelos). Uma delas, aliás, resultou no lance de escanteio do gol de Diego Gonçalves.
Melhor momento do Botafogo
O melhor momento da equipe alvinegra foi a partir dos 20 minutos do primeiro tempo, quando com apenas sete minutos de pressão e insistência (dos 21 aos 28), conseguiu chegar quatro vezes – na última resultando em gol. A primeira foi no arremate de Navarro defendido pelo goleiro Zé Carlos. A segunda em chute fraco de Rafael Carioca para fora. A terceira em falta sofrida por Marco Antônio na entrada da área. E a quarta em escanteio que Diego Gonçalves desviou para o fundo das redes após finalização de Rafael Navarro. Daí em diante o Glorioso continuou pressionando e teve controle da partida até o término da primeira etapa.
Na segunda etapa, Rafael Moura e Warley desperdiçaram chances incríveis de matar o jogo no mesmo lance e a virada veio logo depois. Kanu e Lucas Mezenga que faziam uma partida muito segura, praticamente não dando espaços a Edu e Thiago Alagoano, deixaram a desejar justamente nos lances de gol marcados nos 21 minutos finais.
No primeiro tento adversário, Edu ganhou a disputa pelo alto e, no rebote, Thiago Alagoano apareceu livre para concluir. Já no segundo, Alagoano teve espaço para achar Edu, que finalizou com tranquilidade para decretar a virada. Novamente a dupla de zaga voltou a ter desatenção em momentos cruciais e deu espaço para as únicas referências técnicas de um time limitado.
Chay, de novo, foi o melhor e mais participativo jogador do clube da Estrela Solitária. Organizou o meio-campo sendo a principal peça de construção e criação. Além disso, foi buscar o jogo desde trás, caindo bastante pelo lado esquerdo tanto na fase defensiva quanto ofensiva, distribuindo muito bem a bola e partindo para cima da defesa adversária.
Chances desperdiçadas
No primeiro tempo, deixou Diego Gonçalves cara a cara com o goleiro em chance perdida. No segundo, apesar de ter participado tanto quanto no primeiro, foi menos produtivo. Ainda que tenha cedido um cruzamento perfeito para Rafael Moura desperdiçar sozinho a cabeçada que provavelmente mataria o jogo.
O Botafogo abusou dos “chutões” com o goleiro Diego Loureiro, todos sem nenhuma efetividade. Uma ligação direta afobada e mal treinada que não víamos há algum tempo e que claramente precisa ser corrigida.
As alterações de Ricardo Resende deixaram o Botafogo exposto, mudaram a proposta ofensiva e pioraram a atuação alvinegra. Ao tirar Navarro – que foi uma válvula de escape interessante ao puxar contra-ataques – e colocar Rafael Moura, a proposta passou a ser segurar o resultado e esperar uma bola chegar no centroavante. A bola chegou, mas ele não fez.
A entrada de Daniel Borges por Warley não acrescentou em nada e por pouco não comprometeu ainda mais o resultado. O lateral entregou o terceiro gol para o adversário após tentar cortar um cruzamento e falhar bisonhamente aos 48 da etapa complementar. Sorte sua que inacreditavelmente Thiago Alagoano chutou para fora.
Já as mudanças de Pedro Castro por Ênio e Marco Antônio por Rickson só deixaram a equipe mais exposta e deram espaços para o ataque do Brusque infiltrar com facilidade pelos lados.
Dessa vez, não finalizarei o texto com mensagens otimistas para o torcedor botafoguense. Porque, de fato, está difícil acreditar. Ou chega um treinador para mudar radicalmente a mentalidade desse time, ou continuaremos perdendo pontos fáceis e jogaremos a segundona outra vez ano que vem. Terça, contra o Goiás, certamente é mais uma guerra. Esperamos que pelo menos venham os três pontos em casa como vem sendo de costume. Se não, o que já está ruim, ficará ainda pior.
SAN.
Gustavo Santos, 18: estudante e torcedor do Botafogo do Rio de Janeiro/RJ.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Fogo na Rede.
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