Placar magro, jogo fraco, mas uma vitória importantíssima. Essa é a melhor forma de definir o triunfo do Botafogo contra o Brasil de Pelotas na noite deste domingo, 15, no Nilton Santos. Mais três pontos garantidos por um 1×0 que certamente até poderia ter sido mais. Não fosse o desleixo da equipe alvinegra e a ruindade da arbitragem brasileira mais uma vez. Apesar de tudo, o resultado foi primordial em um embate em casa contra o lanterna da competição.
O panorama do primeiro tempo se desenhou com o Botafogo iniciando a partida tendo mais posse e mais controle do jogo. Mas isso durou apenas três minutos. Após a primeira grande retomada de bola da equipe do Brasil de Pelotas, o desenho tático que todos esperavam antes da bola rolar mudou completamente. Apesar de novamente o Alvinegro apresentar uma marcação em bloco alto, dessa vez houve uma pressão sem intensidade na saída de bola. Com isso, os gaúchos tiveram uma tranquilidade e facilidade maior para saírem jogando.
O rival tentou impor velocidade nas jogadas rápidas, especialmente pelos lados, aproveitando o erro do Botafogo e saindo no contra-ataque. Por isso, diversos espaços foram deixados pelo adversário, só que pouco explorados pelo Glorioso. A equipe teve problemas para retomar a bola e reter a posse por muito tempo (45% x 55%) em mais um jogo pegado, com 16 faltas para cada lado. Além disso, também foi muito apertada na saída de bola. Desta forma, o time de Enderson Moreira sofreu em alguns momentos. Ainda assim, conseguiu realizar trocas de passes rápidas e com qualidade em outros.
O Botafogo teve bastante dificuldade no decorrer de toda a primeira etapa para chegar com qualidade no campo de ataque. O time abusou dos erros de passe – muito devido ao péssimo gramado de nosso estádio. E procurou ao máximo tentar achar Chay, caindo mais pela esquerda, para armar as jogadas com mais qualidade. Vale dizer, aliás, que tivemos um lado direito ofensivo praticamente nulo, com Marco Antônio completamente sumido. De novo.
O gol
No entanto, foi em uma das poucas vezes em que o Botafogo conseguiu explorar com qualidade os espaços cedidos pelo Xavante que saiu o gol da vitória. Aos 37 minutos, Oyama deu um ótimo passe para Pedro Castro, que com liberdade fez o giro e achou de forma precisa Navarro fazendo a infiltração por trás da zaga. O centroavante, cara a cara com o goleiro, teve frieza para ver Carli – voltando a assumir a titularidade – absolutamente livre, que completou para o fundo das redes. Aliás, mais uma assistência para a conta do camisa 9 e um gol merecidíssimo do nosso “xerife”.
Ainda assim, no entanto, o primeiro tempo foi muito abaixo tecnicamente e ambas as equipes praticamente não criaram grandes oportunidades de gol. A outra única chance perigosa foi do Brasil de Pelotas. Em falta boba cometida por Carli na risca da grande área e cobrada para fora por Renatinho aos 46 minutos.
Já no segundo tempo, o Botafogo começou muito melhor que o primeiro, tendo facilidade para tocar a bola no campo de ataque, já que foi mais ofensivo e obteve um controle muito maior do jogo. Com isso, a partida se tornou até fácil, devido a melhora da marcação, a pressão intensa na saída de bola adversária em certos momentos e a busca pelo segundo gol. Faltou à equipe, portanto, acertar as tomadas de decisões no terço final do campo e aproveitar com mais inteligência os espaços cedidos pelo rival.
Sofrimento final desnecessário
Os únicos lances de perigo da segunda etapa vieram em duas cobranças de falta. Uma com Hugo em que a bola desviou na barreira e saiu pela linha de fundo aos 7 minutos. E a outra de Gabriel Terra por cima do gol de Diego Loureiro já aos 51. Esse lance, aliás, retrata um sofrimento desnecessário que tivemos no final da partida. O adversário já estava perdido e praticamente entregue, forçando uma ligação direta sem nenhuma qualidade. A falta dupla de Kanu e Pedro Castro foi completamente sem motivo. Deram sorte que o camisa 8 rubro-negro chutou um pouco acima da meta.
Um fator negativo possível de se observar nos 45 minutos finais foram os espaços no meio cedidos ao Brasil de Pelotas – que tentava acionar rápidos contra-ataques – devido as poucas sobras de bola ganhas pelo Alvinegro no terço final do campo. Mesmo assim, o Brasil não achou espaços na última linha para tentar trocar passes, e quase não entrou dentro da área alvinegra. Outra vez o time se apresentou com linhas compactas e a zaga muito bem postada. Kanu e Carli foram seguros e quase não cometeram erros. Além disso, Daniel Borges e Hugo também tiveram suas funções defensivas de acordo e não comprometeram.
Erros escandalosos da arbitragem
E a arbitragem, como não falar dela? Evitei comentar muito na análise anterior e falar mais sobre o jogo. Mas hoje não tem como. Foram três erros escandalosos que são impossíveis de não ressaltar com mais veemência. O primeiro um pênalti não marcado em puxão de Oliveira em Pedro Castro, no qual o árbitro da partida, o senhor Thiago Luis Scarascati, decidiu ignorar completamente. O segundo e talvez o mais aceitável de todos – já que ainda não temos VAR na Série B – foi o toque de mão de Leandro Camilo durante um bate-rebate na área.
Já a terceira incorreção bisonha mostra muito como os árbitros brasileiros são fracos, despreparados, e amadores. Arthur derrubou Diego Goncalves de frente para o gol, onde sairia cara a cara com o goleiro Matheus Nogueira e teria plenas condições de fazer o domínio da bola. Lances desse tipo estão no manual da arbitragem para sinalização do cartão vermelho. Mas não, o senhor Thiago Luis Scarascati – sim, citarei novamente o nome dele para ajudar com o propósito deste vulgo árbitro não apitar mais jogos do Botafogo – apenas mostrou o cartão amarelo ao zagueiro adversário.
Não é porque ganhamos que está tudo bem e que não devemos reclamar. Três erros capitais em um jogo como esse poderiam e muito ter mudado, de fato, nossa história na competição. Ao menos Eduardo Freeland já se posicionou na coletiva de imprensa após a partida. Que agora, junto com a chegada do VAR no segundo turno, paremos de ser prejudicados na competição. Ainda temos mais um jogo – decisivo e de “seis pontos” – sem o auxílio do árbitro de vídeo na próxima rodada. Isso me dá medo.
Faltam 12 vitórias
Assim seguimos. Quinta vitória em seis jogos e ainda perto do nosso objetivo. Que possamos finalizar o primeiro turno com uma grande e importantíssima vitória contra o Guarani na quarta. Talvez até entrarmos finalmente no G-4, caso uma série de outros resultados aconteçam. Mas vamos continuar fazendo nossa parte. Faltam doze vitórias para garantirmos o retorno à elite.
SAN.
Gustavo Santos, 18: estudante e torcedor do Botafogo do Rio de Janeiro/RJ.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Fogo na Rede.
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