Fala, Torcedor: Vitória fundamental de um “novo Botafogo”

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Foto: Vítor Silva / Botafogo

Que vitória hein, torcedor botafoguense? Clássico, jogo de seis pontos, em casa, contra um adversário superior no papel e melhor na classificação. Todos os fatores necessários para o Botafogo, enfim, embalar uma sequência de vitórias que não vinha desde fevereiro do ano passado (novamente o terceiro triunfo seguido sendo contra o Vasco) e olhar de vez para o G4 da Série B.

A equipe alvinegra iniciou a partida de forma promissora e imprescindível, com ótima jogada de Diego Gonçalves e Guilherme Santos pela esquerda logo no primeiro minuto no gol um pouco “chorado” de Chay. O meia erra o chute, Navarro tenta dominar, mas acaba fazendo um pivô involuntário para o próprio camisa 14 colocar a bola nos fundos das redes de Vanderlei.

Daí em diante o Botafogo tentou imprimir volume de jogo em sua organização ofensiva, baseado no estilo de ataque rápido. Com apenas poucos toques na bola, tentou construir com triangulações, passes e lançamentos nas verticais. Kanu, Gilvan e Daniel Borges – o lateral mais uma vez, assim como contra o CSA – foram essenciais para as inversões de bola que visavam os pontas.

Mesmo depois de abrir o placar, o Alvinegro continuou explorando o lado direito da zaga vascaína no início com as investidas rápidas de Diego Gonçalves e Guilherme Santos. Diego, aliás, fez uma jogada interessante aos sete minuto, mas errou na hora do chute, finalizou reto ao invés de cruzado – Navarro estava livre na vertical para completar. Além do gol, essa foi a única grande oportunidade do Botafogo nos primeiros 45 minutos.

Primeiro tempo fraco

O primeiro tempo deixou a desejar de ambos os lados. Tecnicamente sendo muito abaixo do que as duas equipes podem apresentar (69% x 86% de precisão de passe) – errando muito, especialmente no último passe. Ambos tiveram bastante paciência para tentar achar espaços e criar jogadas ofensivas, mas sem muita efetividade.

O Cruz-Maltino até tentou explorar o lado esquerdo da zaga do Botafogo – fragilizada pela dificuldade de Guilherme Santos na marcação -, mas levou perigo apenas com Cano aos 29 minutos e com Bruno Gomes aos 37 minutos. Ambas, no entanto, para fora.

Já no segundo tempo, o Botafogo cedeu a bola ao Vasco e esperou o adversário no seu campo. O time trabalhou em um bloco baixo de marcação, aspirando o erro para sair em velocidade nos contra-ataques. Com isso, enquanto o time vascaíno, assim como na primeira etapa, possuía transições lentas e posse de bola paciente, o Alvinegro procurou sair em velocidade nos espaços cedidos. Tudo com uma transição mais rápida e mais objetiva.

Assim, o Glorioso levou perigo com chute no travessão de Diego Goncalves aos seis minutos, Marco Antônio para fora aos 16, e de novo com Diego Gonçalves no segundo gol aos 43. Gol esse que teve participação importantíssima de Warley por ter acelerado o contra-ataque e ganhado a disputa de bola. E de Oyama, por ter concedido um lindo passe para Diego receber de frente para a baliza.

Apesar de ter tido a bola em muito mais quantidade o jogo todo (31% x 69% de posse), o adversário apresentou dificuldade para entrar na zaga alvinegra que estava bem postada e segura, principalmente do lado direito. Tendo criado somente duas boas oportunidades também na segunda etapa, com Morato aos 19 minutos e Sarrafiore aos 35, ambas salvas por Diego Loureiro.

O maior ponto positivo da partida certamente foi a organização tática do Botafogo. O esquema defensivo de 4-4-2 atrás da linha da bola foi compacto, estreito e funcionou muito bem. Os jogadores, de fato, souberam ocupar seus espaços e cumprirem suas funções defensivas, impondo muita combatividade, especialmente no meio de campo. O número de desarmes, aliás, já deixa isso claro. No primeiro tempo foram 15 x 3.

De maior ponto negativo fica a falta de exploração da amplitude. Em muitas vezes a equipe botafoguense se prendeu em jogadas do lado direito de ataque, quase sem espaço e sendo “encurralada” pelos vascaínos, deixando de preencher e infiltrar no lado oposto.

Análises individuais

Não há dúvidas de que Kanu e Gilvan foram extremamente seguros durante os noventa minutos e bem na saída de bola. Apenas vacilaram em uma bola nas costas em que Sarrafiore recebeu passe a frente e Diego salvou. A única dúvida que tenho é: no bolso de qual dos dois está Germán Cano?

Guilherme Santos foi o que mais sofreu na marcação, mas fez boas ultrapassagens – como no tento de Chay e na chance desperdiçada por Marco Antônio.

Barreto finalmente fez sua primeira boa atuação com a camisa alvinegra. Cumpriu exatamente o que sua função pedia, ocupando espaços, marcando e concedendo vários desarmes.

Pedro Castro – depois de tanto tempo – foi outro volante que teve uma participação importantíssima no bom desempenho da equipe. Assim como Barreto, apresentou-se fundamental na fase de organização defensiva. Fechou espaços – dificultando a penetração adversária – foi bem na marcação e extremamente combativo.

Chay fez novamente uma boa partida, aparecendo para o jogo quando precisou e sendo extremamente decisivo com mais um gol.

Marco Antônio foi o pior entre os onze. Completamente sumido em campo, não fez absolutamente nada que agregasse ofensivamente, ainda desperdiçando uma grande chance. Precisa dar mais opção e chamar mais a responsabilidade. Durante a fase defensiva, no entanto, foi importante na recomposição pelo lado direito.

Destaque do time

Diego Gonçalves foi o maior destaque do time em campo. Cadenciou o ataque e foi agudo quando preciso. Além disso, fez bem a recomposição, deu um chute no travessão, um bom passe para Guilherme Santos na chance perdida por Marco Antônio. E, claro, fez o gol que definiu o confronto com um belo domínio. Continua errando em algumas tomadas de decisões – cruzamentos sem necessidade e fortes demais, por exemplo. Também irrita o torcedor por ocasionalmente se enrolar sozinho, parecendo não saber ou demorar demais para saber o que fazer com a bola.

Excelente resultado e cada vez mais próximos do nosso objetivo. Nossa sequência não é complicada, então podemos fechar bem o primeiro turno. Que mantenhamos esse embalo e que esse “novo Botafogo” tão organizado e empenhado continue.

Ah, quase esqueço, tem doido que vai ter que ir para o hospício para aguentar a derrota.

Gustavo Santos, 18: estudante e torcedor do Botafogo do Rio de Janeiro/RJ.


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Fogo na Rede.

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