A disputa interna entre John Textor e seus ex-parceiros comerciais ganhou um novo capítulo jurídico. Representantes da Eagle Football Holdings protocolaram uma ação contra a SAF do Botafogo na 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. O objetivo do processo é barrar decisões unilaterais tomadas por Textor, exigindo que qualquer deliberação societária conte com a participação formal da Eagle Bidco.
Entre os pedidos, os advogados da holding requerem a anulação dos efeitos da assembleia geral realizada em 17 de julho, além da proibição de novos atos societários sem a devida representação da empresa. A ação também busca impedir a assinatura de contratos com companhias ligadas diretamente ao empresário norte-americano.
Antes de decidir sobre as solicitações, o juiz Marcelo Mondego de Carvalho Lima determinou, no dia 31, que ambas as partes se pronunciem quanto à jurisdição correta para conduzir o caso. Isso porque, dias antes, a 3ª Vara Empresarial já havia tomado uma medida cautelar em outro processo movido pela própria SAF, suspendendo qualquer alteração no controle do clube e garantindo a permanência de Textor na administração. Essa decisão está vinculada a uma ação de execução de dívida de € 23 milhões (cerca de R$ 152 milhões).
Curiosamente, os empréstimos utilizados como base para essa cobrança foram formalizados pelo próprio John Textor, em nome da Eagle, no ano de 2024. Pessoas ligadas ao processo afirmam que o movimento faz parte de uma manobra do empresário para ganhar tempo e tentar levantar recursos que permitam readquirir o controle da SAF.
A possível recompra, contudo, encontra resistência dos executivos que hoje lideram a Eagle Football — entre eles, o fundo Ares, Michelle Kang (atualmente no comando do Lyon) e outros investidores. Embora não se oponham à venda do clube carioca, o grupo afirma que não aceitará nenhuma negociação com Textor enquanto ele seguir como gestor da SAF, alegando conflito de interesses entre sua posição atual e a intenção de compra.
A crise entre as partes se intensificou após o rebaixamento do Lyon à segunda divisão do futebol francês, decretado pela DNCG (Direção Nacional de Controle e Gestão). Para evitar a queda, o órgão exigiu duas ações imediatas: a saída de Textor da Eagle — o que foi cumprido — e o aporte de 100 milhões de euros no clube. Todos os acionistas se mobilizaram para atender à exigência, com exceção de Textor, selando o rompimento definitivo com os antigos aliados.
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