Pode parecer óbvio, mas se o Botafogo não começar a vencer fora de casa, o time definitivamente não voltará à primeira divisão do Brasileiro. O cenário se torna cada vez mais preocupante na Série B. Foram seis partidas como visitante, com três derrotas e três empates. Apenas três de dezoito pontos conquistados.
Para um clube que almeja subir — com seu próprio presidente afirmando que isso acontecerá —, o Alvinegro carioca se complica a cada jogo que passa e perde pontos importantíssimos na disputa pelo acesso.
No jogo desta quarta, 6, o Botafogo começou a partida fazendo uma pressão pós perda intensa na saída de bola do CRB. A estratégia foi bastante efetiva, resultando na criação de várias chances perigosas e o amplo domínio do Glorioso na primeira etapa (4×9 finalizações; 1×3 a gol). Essa superioridade se deu muito devido ao posicionamento da equipe em bloco médio na fase defensiva, o que ajuda nesse estilo de marcação, já que os meias e atacantes ficam mais avançados para fazerem a pressão.
Chay foi uma peça fundamental para esse controle Alvinegro do primeiro tempo. Mais uma vez o jogador foi o melhor entre os onze (dezesseis contando os que entraram) durante os noventa minutos. Com liberdade no meio, se movimentou bastante e foi fundamental na fase construtiva ao achar bons passes no meio de campo.
Também na primeira etapa, a única chance de perigo da equipe alagoana foi de um escanteio cobrado no qual Douglas Borges novamente mostrou que não sabe sair do gol. Por sorte, Kanu salvou a sua pele em cima da linha. Depois dos 40 minutos iniciais, o Botafogo recuou o seu bloco defensivo, oferecendo um grau superior de campo e chance de pressão ao time alagoano.
Botafogo anulado
Na segunda etapa, o CRB se aproveitou disso, sendo mais incisivo e tendo êxito nas chances criadas. Dessa forma, o clube de General Severiano foi anulado na segunda parte do jogo, praticamente não evidenciando poder de reação e apresentando pouco perigo ao gol adversário. As mudanças de Chamusca também não surtiram efeito e deixaram a equipe previsível demais.
No primeiro gol do CRB, falha defensiva completamente inaceitável. Com apenas um minuto do segundo tempo, Rafael Carioca e Gilvan erraram na compactação da linha. O zagueiro levou a bola nas costas, Nicolas Careca se infiltrou sozinho para concluir. A jogada era óbvia. Portanto, faltou atenção e inteligência dos dois defensores no lance.
Análises individuais
Diego Gonçalves quase não apareceu durante os noventa minutos. Foi pouco eficaz ofensivamente e apenas cumpriu razoavelmente bem seu papel defensivo ao reforçar a marcação do lado esquerdo. As únicas chances que teve foram em bela jogada individual e em uma bola recebida na frente já no final da etapa complementar. Nesta, aliás, perdeu o tempo de bola e demorou para finalizar.
Rafael Carioca finalmente não fez uma partida terrível. Ao menos mostrou alguma eficiência nas jogadas individuais e foi perigoso nos cruzamentos. Mesmo assim, continua sofrendo na marcação (como foi evidente no lance do primeiro gol) e oferecendo passes e chutes angustiantes. Desde a saída bizarra de PV ao Internacional, é nítido que não temos lateral esquerdo. Apenas Chamusca parece não conseguir ou querer enxergar isso.
Gilvan outra vez demonstrou não ser um bom zagueiro para fazer a saída de bola. Isso porque não tem a precisão de passe que a equipe necessita para fazer essa função com segurança.
Felipe Ferreira, porém, fez uma partida “aceitável”. Evidente que iniciou o jogo como titular justamente para fazer a cobertura de Daniel Borges na direita, voltando muito para reforçar a marcação. Participou levemente da fase criativa. Além disso, apareceu bem no chute cruzado no início do jogo defendido por Diogo Silva e no de longa distância que resultou no gol de Navarro.
Oyama continua mostrando ser uma peça fundamental na fase de saída de bola e construção do time. Tem uma qualidade e facilidade impressionante para achar passes longos que quebram linhas. Teria sido o melhor da equipe caso não tivesse falhado no segundo tento adversário ao ficar completamente perdido na disputa pelo alto com Martan.
Navarro oportunista
Navarro de novo mostrou seu oportunismo e qualidade de finalização no gol. Depois de tentar achar Diego Gonçalves no meio após o rebote e zaga afastar, tirou bem do goleiro na segunda tentativa. Volto a repetir: renova logo o contrato dele, diretoria!
Por fim, Marcinho só entrou porque Ronald se lesionou. Com isso, desperdiçou uma chance clara no último lance da partida. Não merece mais oportunidades, está claro que a torcida não aguenta mais sua presença em campo.
E assim seguimos. Decepcionados, insatisfeitos e principalmente preocupados mais uma vez. Mas torcer e acreditar é o que nos resta. Então, o jogo de sábado contra o Cruzeiro virou uma final. Não tem mais tempo para errar. A hora da virada é agora, Botafogo!
SAN.
Gustavo Santos, 18: estudante e torcedor do Botafogo do Rio de Janeiro/RJ.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Fogo na Rede.
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