Análise: Botafogo volta ‘sob protesto’, mas nem tanto

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Botafogo sob protesto
Foto: Vítor Silva / Botafogo

Após a decisão do STJD, o Botafogo cedeu e vai voltar a campo domingo, 28, diante da Cabofriense, às 11h, no Nilton Santos. Ao contrário do que sempre vociferou na imprensa, o Clube não só volta a campo diante de mais de 50 mil mortes, como também o faz em junho – ao contrário do que disseram Autuori e Mufarrej recentemente.

Para limpar a consciência depois de perder a briga contra a FERJ, o Botafogo emitiu uma nota oficial justificando o retorno aos campos. É inegevalmente bem escrita — razão pela qual foi comemorada por torcedores e profissionais de imprensa. Mas só. Se espremermos todo o conteúdo do comunicado, não sobra nada.

Senão vejamos.

Logo no início da nota, o Clube lembra os níveis alarmantes de COVID-19 no País e trata o retorno ‘assoberbado’ como ‘insensibilidade com as mortes e mau exemplo para sociedade’. Seria louvável a posição do Botafogo, não fosse a ideia do Clube retornar em… julho.

Nas redes sociais, o Alvinegro chegou, inclusive, a publicar o número de vítimas da COVID-19 no país no dia que, inicialmente, deveria enfrentar a Cabofriense. Cabe indagar: no dia 1º de julho, quando pediu para atuar, o Botafogo publicaria o número de mortos também?

Para escancarar a contradição do Alvinegro, é preciso recorrer aos números oficiais de casos e mortes pela COVID-19. Hoje, o Brasil acumula mais de um milhão de casos confirmados, com mais de 51 mil mortes. No Rio, são 97 mil casos (entre os quais, 1.439 novos casos nas últimas 24h) e 8.933 mortes. No ranking de contaminados e mortos, o Brasil só é superado pelo Estados Unidos.

Naturalmente, o cenário da pandemia em julho será ainda mais desolador do que o atual.

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Sacrifício ou concessão?

Ainda na nota oficial, o Botafogo afirma que volta ‘para não enlamear mais o campeonato’ e, por isso, ‘está fazendo sacrifícios para encerrar esse triste momento’. Sacrifícios ou concessões?

Com o desfecho da história, fica claro que o Clube comprou uma briga que não poderia ganhar. Não por acaso, a disputa travada entre as partes nunca foi de convicções versus imposições. Muito pelo contrário. Apesar da grita, as convicções do Botafogo revelaram-se nada além de concessões.

Ter convicção pressupõe defendê-la independentemente das consequências. E o Botafogo não as esgotou. Ao contrário. Cedeu, ainda que sob aplausos desatentos.

Não os meus.

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Sobre Diego Mesquita 1556 Artigos
Botafoguense, 36 anos. Formado em Jornalismo pela FACHA (RJ), trabalhou como assessor de imprensa do Botafogo F.R em 2010. Hoje, é setorista independente.

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