Autuori critica reunião de Fla e Vasco com Bolsonaro: ‘Estamos à deriva’

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Coronavírus Paulo Autuori
Foto: Nayra Halm / Fotoarena

Insatisfeitos com o veto à volta aos treinos, os presidentes e Flamengo e Vasco se reuniram nesta terça, 19, com o presidente Jair Bolsonaro. Entre as pautas da conversa, o retorno ao futebol e a possibilidade dos dois times treinarem em Brasília. No Rio, Botafogo e Fluminense são contrários ao retorno às atividades. Por isso, Paulo Autuori, técnico do Botafogo, criticou o encontro dos rivais.

— Infelizmente, nós aqui temos essa mentalidade de só ganhar. É medícore. Quer ganhar enfraquecendo os outros. No futebol paulista, ao contrário, ninguém voltou aos treinos. Estamos perdendo uma oportunidade clara de mostrar uma unidade no futebol. Não existe seleções fortes sem clubes fortes. Infelizmente a nossa instituição máxima não se dá conta disso. A preocupação se dá em termos de seleção e patrocínio. Acho preocupante a foto dos dois presidentes, de Vasco e Flamengo, com o presidente da República. Falta uma liderança que leve as pessoas a um caminho. Estamos à deriva – disse em entrevista ao Esporte Interativo.

Me causa estranheza porque o presidente do Vasco é médico. Um clube como o Flamengo, cujo presidente passou tudo que já passou, com a perda de um profissional que tive orgulho de conhecer em 1975, que está tentando forçar o retorno. Claro que os clubes têm passado por dificuldades financeiras, mas não são os únicos. O mundo corporativo também sofre com demissões, os profissionais informais.

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Veja outros trechos da entrevista:

Mundo futebol pós-pandemia

— Ninguém sabe o que vai acontecer. Portugal, por exemplo, que já começou a relaxar bem, o povo tem receio de voltar a uma vida normal. Nâo sabemos. Quando trazemos isso para realidade do futebol, muito mais. Qual a grande realidade dos clubes brasileiros hoje? Clubes com dificuldades financeiras graves. A pandemia veio para agravar essa situação. Quando as coisas começarem, de maneira gradativa, esses clubes terão mais dificuldades ainda para honrar seus compromissos. O que nós teríamos que fazer? Se os clubes terão que se organizar fruto de algo que ninguém espera, o que nós podemos fazer? Nós não pensamos nisso. Estamos cada um querendo salvar a si. Essa situação de treinos online. Não existe mágica.

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Redução do elenco do Botafogo

— Sou um trabalhador no futebol como todos os outros. Sou um homem de equipe. O Botafogo vem tentando enxugar sua folha. Caiu do ano passado bastante. O (Carlos Augusto) Montenegro tem dito que não há outro modelo possível que não o de empresa. Dentro dessa perspectiva, temos conversado dentro de uma visão sistêmica. Eu tenho perfeitamente claro qual é a minha área, mas sei que minha área precisa trabalhar em conjunto com as demais.

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Carli e Cícero

— A prioridade sempre vai ser direcionada para as necessidades. Não tem os meus interesses ali. O Botafogo já tinha falado sobre Carli e Cícero. O que eu não aceito é desrespeito aos funcionários do Botafogo. Quem gere pessoas tem que ter respeito. Por trás de todo profissional tem familiares, pessoas. Dentro dessa situação, não tem entrada nem saída. Não sou sócio do clube do “se”. Pra mim, vale o que é a realidade. O que vai acontecer pós-pandemia, em termos de mudanças e finais de ciclo, é normal. Estamos acostumados a isso.

Marcinho

— Nós conversamos. Neste momento, ele precisa estar focado em recuperar e voltar. Logicamente ele tem uma história no Clube. O Marcinho se entregou de uma maneira extremamente profissional. Então, se passa na cabeça a possibilidade de mudança, nós temos que respeitar. O desejo de permanência dele por parte do Clube existe. Eu gostaria que ele pudesse continuar.

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Honda

— A essência é a qualidade do jogador em termos técnicos competitivos. Isso eu não tenho dúvida nenhuma. Depois, a sua origem. Tive a satisfação de trabalhar no Japão. Todos que passaram por lá são unânimes: lá você toma um banho de cidadania. Aqui no Brasil ouço muito falar em “eu não quero o cara para casar com a minha filha”. Nós queremos um jogador tecnicamente capaz, mas que possa ser um exemplo. Ele é um cara totalmente de equipe. Não faz uma situação sem ver o bem que está fazendo para os outros.

Postura de Honda ao abrir mão dos salários

— Considero que isso tem a ver com o tipo de personalidade e cultura dele. Ele está sempre preocupado com os demais. Além disso, tem uma situação bem estável hoje. Quando soube que o Botafogo estava interessado nele, e eu nem estava no Clube, pensei que seria um grande negócio. E tem sido.

O que esperar do Botafogo de Autuori?

— Sou muito pragmático. O que nos falta é realidade. Não podemos vender ilusões. O que queremos hoje é que o Clube possa honrar compromissos, ter uma equipe técnica e competitiva, que possa lutar por competições de forma gradadativa. É possível ganhar? É. 1995 foi assim. Fomos campeões quando ninguém falava. Mas é uma exceção. Precisamos passar um discurso de otimismo, orgulho. A mensagem que passo para torcida é a mesma que passo para os jogadores: a nossa capacidade vai muito além do que nossa imaginação alcança. Mas para isso acontecer, é preciso quebrar paradigmas, coragem, orgulho do lugar onde está. Esse clima que precisamos criar dentro do clube. Eu gostaria de sair dessa vida, além de gritar campeão, de ouvir a torcida cantar aquele hino.

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Sobre Diego Mesquita 1556 Artigos
Botafoguense, 36 anos. Formado em Jornalismo pela FACHA (RJ), trabalhou como assessor de imprensa do Botafogo F.R em 2010. Hoje, é setorista independente.

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