Não. Não figuro entre os que pedem a demissão de Marcelo Chamusca — embora este inegavelmente também tenha contribuído para mais um vexame histórico do Botafogo na Copa do Brasil.
Seria o caminho mais fácil — a decisão agradaria 99,9% dos leitores, estimo. No entanto, tão fácil quanto este rumo é perceber que este “atalho” também nos trouxe até aqui. Ademais, não acredito que caiba aos jornalistas o papel de determinar, sob forma de campanha, o futuro de um profissional.
Cabe, porém, apontar as contradições do treinador neste início de trabalho.
Sigamos.
Teoria x prática
Após a eliminação para o ABC, indagado pelo Fogo na Rede sobre erro de planejamento na formação do elenco sobretudo para repor as perdas, Marcelo Chamusca se mostrou desconfortável, mas negou.
De acordo com o treinador, o planejamento do Botafogo é pautado em “oportunizar jogadores da base”. A prática do trabalho conduzido por Chamusca, no entanto, contradiz a teoria.
Senão vejamos.
Quando assumiu o Botafogo, o goleiro titular era Diego Loureiro, de 22 anos, formado e revelado pelo Alvinegro. Com a chegada de Douglas Borges, de 31 anos, o atleta da base foi imediatamente preterido na posição. Sob o comando do técnico, Loureiro fez apenas uma partida.
Na lateral esquerda, após sete jogos consistentes, PV, de 20, perdeu espaço para Rafael Carioca, de 28. No meio, Luiz Otávio, 28 anos, assumiu a vaga de Kayque, de 20.
Dos 10 atletas que mais atuaram pelo Botafogo na temporada sob Chamusca, apenas três são oriundos da base: Kanu (9J), Navarro e Ênio (8J).
Não bastassem os fatos, logo após garantir que o planejamento visa dar oportunidade aos jovens, o técnico revelou que o Botafogo está atrás de um “9 experiente”. As ideias não correspondem aos fatos, diria o poeta.
Chamusca precisa, portanto, corrigir não só a equipe em campo, mas também o discurso fora dele. Sob pena de parecer perdido na função.
E sabe-se: para quem está perdido, qualquer caminho serve.
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